Olá pessoal do Guitar Battle!
Nessa aula, nós vamos discutir o que é intervalo em música, quais os tipos, onde eles ficam localizados no braço da guitarra e qual a sua aplicação dentro do contexto musical.
Introdução: os intervalos na guitarra vão muito além da definição teórica, eles possuem uma aplicação prática que é determinante para o controle pleno das escalas, arpejos e relação nota X harmonia. Por consequência usamos os intervalos para improvisar e compor, transpor e arranjar, é através deles que damos mais um passo em direção a independência no instrumento.
Definição: intervalo é a distância entre duas notas, medida em números, que usa a separação em tons para definir o seu tipo. Essa distância pode variar entre ½ tom até o limite do nosso instrumento. Quando nos movemos uma casa no braço da guitarra estamos nos deslocando ½ tom, que é o menor intervalo usado na música ocidental. O maior intervalo é restrito pela capacidade humana de escutar, vai de 20hz (muito grave) até 20khz (extremamente agudo), muito mais amplo do que a tessitura (alcance) do nosso instrumento.
A guitarra de 24 casas tem uma tessitura intervalar considerada média, vai da sexta corda solta, nota Mi (afinação convencional em 82hz) até a primeira corda, casa 24, também nota Mi (4 oitavas acima -> 1312hz). Podemos estender esse alcance usando harmônicos naturais ou artificiais, atingindo confortavelmente mais 2 oitavas.
Como classificar os intervalos?
Primeiro usamos uma numeração pra representar a distância entre os nomes das notas seguindo a sequência diatônica (Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó). Por exemplo, para medir a distância entre Dó e Ré.
Tomando o Dó como primeira nota, vamos até Ré, que é a segunda nota, então o intervalo é de segunda. De Dó para Sol é uma quinta pois contamos 5 notas de Dó até Sol -> Dó Ré Mi Fá Sol. De Dó até Si é uma sétima pois contamos 7 notas de Dó até Si -> Dó Re Mi Fá Sol Lá Si. É importante não esquecer de contar a nota de partida como a primeira.
Partindo de outra nota seguimos a mesma lógica, por exemplo, de Ré até Si. Contamos Ré Mi Fá Sol Lá Si, ou seja, 6 notas, intervalo de sexta.
Sustenidos (#) e bemóis (b) -> eles não interferem na atribuição numérica do intervalo, apenas no tipo de intervalo. Então:
Quando não existe distância em tons entre 2 notas e elas recebem o mesmo nome, chamamos de uníssono, ou intervalo de primeira justa -> Dó para Dó, C#-C#, D-D, etc…
Justo, maior, menor, aumentado, diminuto -> Após a classificação numerica atribuimos uma outra classificação que vai levar em conta a distância em tons, seguindo as seguintes lógicas:
Superdiminuto < Diminuto < Menor < Maior < Aumentado < Superaumentado
Superdiminuto < Diminuto < Justo < Aumentado < Superaumentado
Agora observe abaixo a classificação do intervalos com relação a distância em tons da tônica C:
Exemplo 1: qual é o intervalo de Dó até Láb?
Dó Ré Mi Fá Sol Láb -> 6 notas -> Sexta
Dó até Láb tem 4 tons -> Sexta menor
Exemplo 2: qual é o intervalo de Mi até Si?
Mi Fá Sol Lá Si -> 5 notas -> Quinta
Mi até Si tem 3½ tons -> Quinta Justa
Exemplo 3: qual é o intervalo de Sib até Sol#?
Sib Dó Ré Mi Fá Sol# -> 6 notas -> Sexta
Sib até Sol# tem 5 tons -> Sexta aumentada
Exemplo 4: qual é o intervalo de Ré# até Dó?
Ré# Mi Fá Sol Lá Si Dó -> 7 notas -> Sétima
Ré# até Dó tem 4½ tons -> Sétima diminuta
Os intervalos não precisam se limitar a uma oitava, podemos usar classificações como nona, décima, décima primeira, e assim por diante.
Se um intervalo for superdiminuto e perder mais 1/2 tom passa a ser chamado de supersuperdiminuto. A mesma lógica se aplica ao aumentado, se ganhar 1/2 tom passa a ser chamado de supersuperaumentado. Daí por diante o super é sempre acrescentado a cada 1/2 tom.
Intervalo composto: são os intervalos acima de uma oitava como nona, décima primeira, décima terceira. Também se usa esse termo para acrescentar uma oitava ao intervalo. Por exemplo, uma terça composta é uma oitava + uma terça. Uma sexta composta é uma oitava + uma sexta. Os intervalos ditos simples estão abaixo de um oitava. Observe na tabela abaixo a equivalência entre os intervalos simples e compostos:
(maior) – Quando o acorde é maior usa-se a terça maior.
(justa) – Quando não há quinta na cifra ela é justa.
o – Na prática a sétima diminuta só é usada no acorde diminuto.
Harmônico e melódico: quando as duas notas são tocadas simultaneamente, chamamos o intervalo de harmônico. Quando as duas notas são tocadas em sequência chamamos o intervalo de melódico.
Ascendente ou descendente: no intervalo melódico quando a segunda nota é mais aguda que a primeira chamamos o intervalo de ascendente. Quando a segunda nota é mais grave que a primeira chamamos o intervalo de descendente.
Consonantes X dissonantes
Consonantes: são os intervalos sem tensão, mais estáveis, que soam agradáveis ao ouvido. As duas notas soam sem uma causar grande interferência na outra. Os consonantes podem ser divididos ainda em perfeitos e imperfeitos.
Dissonantes: são os intervalos tensos, instáveis, causam expectativa. A vibração de uma nota interfere na vibração da outra causando efeitos destrutivos e construtivos. São os de 2a e 7a menores e maiores, e grande parte dos intervalos aumentados e diminutos.
m->menor | M->maior | J->justo
A mesma classificação serve para os intervalos compostos, mas com o afastamento entre as notas temos a redução da sensação de dissonância.
Os intervalos também podem ser classificados com relação a porcentagem do comprimento que vibra da corda da guitarra. Quando ela vibra em toda a sua extensão a nota emitida é chamada de primeiro harmônico, intervalo uníssono, representado pela fração 1:1. Quando dividimos a corda no meio, colocando o dedo na casa 12, a nota soará uma oitava acima, fração 2:1 (enquanto a nota aguda vibra 2 vezes, a grave vibra 1), e assim por diante. Duas notas muito próximas tendem a vibrar em desarmonia gerando tensão. Observe a tabela abaixo, usando o Lá 110hz (quinta corda solta) como referência:
Assimilando os intervalos:
Conhecendo o som: é importante saber reconhecer os intervalos pelo som e não apenas pela teoria, pois daí a aplicação direta do conceito se torna eminente. Existem muitas formas para condicionar a assimilação…
Listo abaixo algumas músicas conhecidas e o intervalo em que começam, pode ser ascendente ou descendente. Você pode escutar cada intervalo nos exemplos em audio…
Segunda menor – Filme Tubarão, A Hard Days Night (The Beatles), Insensatez (Tom Jobim), Fur Elise (Beethoven), Stella by Starlight (Victor Young – Real Book Jazz), Anos Dourados (Tom Jobim & Chico Buarque).
Segunda maior – Parabéns pra Você, My Funny Valentine (Richard Rodgers – Real Book Jazz), Yesterday (The Beatles).
Terça menor – Two Minutes to Midnight (Iron Maiden), Smoke on the Water (Deep Purple), Greensleeves (Anônimo), Hey Jude (The Beatles), Misty (Erroll Garner – Real Book Jazz).
Terça maior – The Number of the Beast (Iron Maiden), Primavera das 4 estações (Vivaldi), Summertime (Gershwin – Real Book Jazz), Giant Steps (John Coltrane – Real Book Jazz), Sinfonia 5 (Beethoven), Eu sei que vou te Amar (Tom Jobim), Águas de Março (Tom Jobim).
Quarta justa – Fear of the Dark (Iron Maiden), Hino Nacional Brasileiro, All The Things You Are (Jerome Kern – Real Book Jazz).
Quarta aum/Quinta dim – Simpsons (tema), YYZ (Rush).
Quinta justa – One (Metallica), Blackbird (The Beatles), Filme Superman, Tema dos Flintstones.
Sexta menor – In My Life (The Beatles), You’re Everything (Chick Corea), Manhã de Carnaval (Luiz Bonfá), Chega de Saudade (Tom Jobim).
Sexta maior – My Way (Frank Sinatra), Tema do Fantasma da Opera.
Sétima menor – Filme Star Trek – refrão, Watermelon Man (Jazz Standard).
Sétima maior – Take on Me (A-ha, refrão).
Oitava justa – Wasted Years (Iron Maiden), Black Sabbath (Black Sabbath), Enter Sandman (Metallica), Blue Bossa (Kenny Burrel – Real Book Jazz), Sweet Child ‘o Mine (Guns & Roses).
Crie sua própria lista com as músicas que curte e que conhece bem.
Exercícios de assimilação – Video:
Video 1: Intervalos Consonantes Perfeitos (4a, 5a e 8a justas)
Nesse video você escutará cada intervalo tocado de forma ascendente e descendente em 3 oitavas, com e sem distorção, de forma melódica e harmônica e separado em 2 guitarras. Tente interiorizar o som de cada intervalo escutando atentamente buscando relações com as coisas que toca e ouve. Depois de escutar cada um dos intervalos faça o exercício/ditado do final do video, escrevendo numa folha de papel o resultado.
Confira com a tabela de resultados e procure identificar onde e porque errou, se esse for o caso. Se conseguiu 100% de acertos siga para a proxima aula.
Para a continuação dessa aula clique em – Parte 2
Meu site: www.deniswarren.com
Exemplo 4: qual é o intervalo de Ré# até Dó?
Ré# Mi Fá Sol Lá Si Dó -> 7 notas -> Sétima
Ré# até Dó tem 4½ tons -> Sétima diminuta.
Nao entendi, pode explicar por favor?
valeu Denis,
parabéns pela didática !
Cara, que material bom.Já havia procurado muito sobre o assunto, mas aqui está completo. Ganhou um leitor.
perfeito! parabéns!! adorei. tudo completo!
cara aula sensacional , bem explicada melhor que muitos professores por ai .
Valeu, parceiro!
Só agradecer cara valeu!
Valeu, abração!
Voce disse na lição : "Quando não existe distância em tons entre 2 notas e elas recebem o mesmo nome, chamamos de uníssono, ou intervalo de primeira justa -> Dó para Dó, C #-C#, D-D, etc…" mas de Do# pra Réb
tambem não tem intervalo .
O que você quer dizer é que não existe separação em tons. Intervalo tem sim, é uma segunda diminuta, pois as notas tem nomes diferentes.