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      Guitarra e Violão Contrabaixo

      Substituição de acordes - Parte 1 (Função Harmônica)

      Por: deniswarren | Categoria: Guitarra e Violão, Teoria 167245 exibições Dificuldade Intermediário

      Olá, pessoal do Guitar Battle!

      Nesta aula, nós vamos falar um pouco de harmonia, uma vertente chamada Substituição de Acordes. Vamos entender o conceito e a aplicação prática com exemplos em audio.

      Parte 1 – Função Harmônica

      Introdução: a substituição de acordes é uma ferramenta da harmonia funcional que trabalha com a rearmonização de trechos musicais usando a lógica da função harmônica, da formação dos acordes e da troca de sensação, trazendo uma cor diferente a música. É através dela que imprimimos personalidade em uma interpretação ou buscamos novas possibilidades na cadência harmônica.

      Função harmônica: cada acorde dentro de uma cadência harmônica desempenha uma função vital para o funcionamento do trecho musical, ou não seria escolhido. Essa função está diretamente relacionada com a sensação que transmite, o que o acorde impõe. De forma genérica podemos separar essas funções em 3 categorias abrangentes…

      Acorde Tônico –  é aquele que passa sensação de repouso, início ou final.

      Acorde Subdominante -  passa sensação de movimento, se afasta do repouso, tem tensão intermediária.

      Acorde Dominante -  tensão, instabilidade, quer caminhar para o repouso.

       

      Vamos observar essas funções dentro de um clichê harmônico:

      C | F | G7 | F

      Ou incluíndo as sétimas nos demais acordes.

      C7M | F7M | G7 | C7M

      O primeiro acorde é C7M (C E G B), tem estrutura estável e passa a ser referência quando relacionado com os demais acordes. É o ponto de partida, traz sensação de repouso, marco inicial. Acorde Tônico.

      O segundo acorde é F7M (F A C E), tem estrutura estável. Como o primeiro acorde definiu a referência, ao tocar esse acorde de F7M o nosso ouvido entende a relação como afastamento do repouso, afastamento da referência, movimento. A música começou a andar. Acorde Subdominante.

      O terceiro acorde é G7 (G B D F), é instável, tenso. Dentro da sua estrutura duas notas entram em conflito, o Si e o Fá. Existe entre elas 3 tons de distância (trítono), que é um intervalo dissonante. Nosso ouvido precisa da resolução dessa tensão, precisa que ela caminhe para o repouso. Acorde Dominante.

      O quarto acorde é C7M, a nossa referência inicial. Quando ele reaparece resolvemos a tensão do trítono e voltamos ao ponto de partida, fechamos o ciclo, repousamos. Acorde Tônico.

       

      Agora vamos ver as funções com relação ao campo harmônico:

      Campo Harmônico Maior: Para entender como classificar a função dos acordes vamos analisar a cadência do exemplo anterior.

      C7M | F7M | G7 | C7M

      Escala de Dó Maior (C D E F G A B)

       

      Acorde de G7: Possui as notas (G B D F). A tensão foi provocada pelo trítono entre F e B. A nota B existe dentro do nosso acorde de repouso, o C7M, então é a nota F que cria distanciamento. Podemos dizer que todos os acordes do campo harmônico que possuem esse trítono são dominantes.

      Acorde de F7M: Possui as notas (F A C E). Como ela tem a nota F na estrutura, que já foi definida como nota de afastamento do repouso, mas não possui o B, consideramos esse acorde como subdominante, de tensão intermediária.

      Acorde de C7M: Possui as notas (C E G B), são as notas referência. Como elas são o ponto de partida na cadência, não imprimem tensão. Todos os acordes que tem a nota F ausente na estrutura podem ser enquadrados como tônicos.

      Então:

      Acordes tônicos -  aqueles que não tem a quarta justa da escala (F).

      Acordes subdominantes -  aqueles que possuem a quarta justa (F) mas não tem a sétima da escala (B).

      Acordes dominantes -  aqueles que tem o trítono: quarta e sétima da escala (F e B).

       

      No Campo Harmônico de Dó maior fica assim…

      Grau 1 – C7M (C E G B) – não tem Fá, então é Tônico.

      Grau 2 – Dm7 (D F A C) – tem Fá mas não tem Si, então é subdominante.

      Grau 3 – Em7 (E G B D) – não tem Fá, então é Tônico.

      Grau 4 – F7M (F A C E) – tem Fá mas não tem Si, então é subdominante.

      Grau 5 – G7 (G B D F) – tem trítono, então é dominante.

      Grau 6 – Am7 (A C E G) – não tem Fá, então é Tônico.

      Grau 7 – Bm7(b5) (B D F A) – tem trítono, então é dominante.

       

      Campo Harmônico Menor: Usa a mesma lógica do campo harmônico maior, mas a nota de distanciamento do repouso é a sexta menor da escala (que é a quarta na relativa maior).

       

      Escala de Dó Menor Natural (C D Eb F G Ab Bb)

      Escala de Dó Menor Harmônica (C D Eb F G Ab B)

      Escala de Dó Menor Melódica (C D Eb F G A B)

       

      A escala menor tem 3 formas, a natural, a harmônica e a melódica. Na música tonal menor usa-se os acordes vindos desses 3 campos harmônicos, por isso é necessário estabelecer a função de cada grau.

      Acordes tônicos -  aqueles que não tem a sexta menor da escala.

      Acordes subdominantes -  aqueles que possuem a sexta menor da escala, mas não o trítono (4-7).

      Acordes dominantes -  aqueles que tem o trítono (quarta e sétima da escala).

      Então nos Campos Harmônicos de Dó menor natural, harmônico e melódico fica assim…

      Funções X Campo Harmônico

      Grau 1Cm7 (C Eb G Bb), Cm7M (C Eb G B), Cm6 (C Eb G A) – não tem Láb, então são Tônicos.

      Grau 2Dm7(b5) (D F Ab C) – tem o Láb, então é subdominante.

      Dm7 (D F A C) – Na prática o acorde de Dm7 da melódica não tem função dentro do campo harmônico, pois possui A ao invés de Ab. Em alguns casos pode ser chamado de subdominante, mas é incomum, pois a cadência SUB-DOM-T onde o SUB é menor normalmente resolve num acorde maior. Ex: Dm7-G7-C, raramente resolve no menor: Dm7-G7-Cm. Então como o primeiro grau da melódica é um acorde menor, considera-se esse segundo como sem função dentro do campo harmônico, ele é usado quando a cadência vai para Dó maior.

      Grau 3Eb7M (Eb G Bb D), Eb7M(#5) (Eb G B D) – não tem Láb, então são Tônicos.

      Grau 4Fm7 (F Ab C Eb) – tem o Láb, então é subdominante.

      F7 (F A C Eb) – O acorde de F7 tem a nota A ao invés de Ab, então não é sub do campo, mas subdominante blues.

      Grau 5Gm7 (G Bb D F) em Dó menor – não tem função tonal, tem função modal.

      G7 (G B D F) em Cm harmônico e melódico – tem o trítono entre a quarta e sétima, então são dominantes. Quando o tom é Dó menor tonal, modifica-se o acorde de quinto grau Gm7 para G7.

      Grau 6Ab7M (Ab C Eb G)  –  tem o Láb, então é subdominante.

      O acorde de Am7(b5) não tem a nota Láb, então é tônico. Ele na verdade é uma inversão do primeiro grau com a nota característica da escala melódica. Cm6 (C Eb G A).

      Cm6 = Am7(b5), possuem exatamente as mesmas notas.

      Grau 7Bb7 (Bb D F Ab), Bo (B D F Ab) – tem o Láb, então são subdominantes. Vamos ver adiante que esse acorde de Bo pode ser visto também como dominante pois substitui o G7.

      Bm7(b5) (B D F A) –  tem o trítono, então é dominante.

      Resumo dos acordes e suas funções nos tons maior e menor:

      Acordes disponíveis para os tons de C maior/menor X função harmônica

      Substituição Tipo 1 -  É a troca do acorde por outro que desempenhe a mesma função dentro do campo harmônico.

      Cadência 1: Tom de Dó maior - C7M | F7M | G7 | C7M

      Análise das funções: T | SD | D | T

      T disponíveis no campo harmônico -  C7M, Em7, Am7

      SD disponíveis no campo harmônico -  Dm7, F7M

      D disponíveis no campo harmônico -  G7, Bm7(b5)

      Podemos mudar a cadência para:

      Am7 | Dm7 | G7 | C7M

      ou…

      Em7 | Dm7 | G7 Bm7(b5) | Am7

      ou…

      C7M Em7 | Dm7 F7M | G7 Bm7(b5) | C7M

      e assim por diante, qualquer combinação ou soma.

      Tablatura dos exemplos em audio

      Cadência 2: Tom de Dó maior - C7M | G7(13) | F7M | F7M

      Análise das funções: T | D | SD | SD

      Podemos mudar a cadência para:

      Am7 | G7(b13) | Dm7(9) | F7M

      e assim por diante, qualquer combinação ou soma.

      Tablatura dos exemplos em audio

      Tensões disponíveis por grau do campo harmônico: Cada acorde dentro de cada campo harmônico pode ser feito de inúmeras maneiras, com suspensão, baixo trocado, notas de tensão, com ou sem sétima. Essas possibilidades podem ser encontradas na tabela abaixo:

      Campo harmônico e tensão

      Acorde de Empréstimo Modal (AEM): Vem da escala homônima (mesmo nome). Numa música em Dó maior são acordes que vem de Dó menor e vice-versa. São acordes com função subdominante que mantém a função na troca da tonalidade homônima.

      Cadência 1: Tom de Dó maior - C | G | F | F

      Análise das funções: T | D | SD | SD

      AEM (subdominantes em Cm) - Dm7(b5), Fm7, Ab7M, Bb7, etc…

      Podemos mudar a cadência para:

      C | G | F | Fm (AEM) 

      Tablatura dos exemplos em audio

      ou ainda   C | G | Ab | Bb

      e assim por diante. É preciso tomar cuidado quando rearmonizar com o AEM para não chocar com a melodia.

      Existe também uma alternativa que é mudar a melodia para enquadrar na nova harmonia.

      C | G | Ab | Bb  

      Tablatura do exemplo em audio

      Funções e tensões disponíveis para a tônica Dó:

      Acordes e tensões disponíveis para os tons de C maior e C menor

      Elaborando as cadências:

      T | D | SD | SD – C | G | F | F

      Algumas sugestões…

      1 – C7M(9) | G7(b13) Bm7(b5) | Dm7(9) | Fm7(9)

      2 – Am7 | G7(13) G7(b13) | Bb7 | Ab7M(#11)

      3 – Cm7(9) | G7(b9) | Bb7(9) | Bo

      Um abraço e até a próxima!

      deniswarren Florianópolis / SC | 20 músicas | 1092 batalhas | 26 lições
      Toco guitarra e violão a 25 anos e atuo profissionalmente a 20 anos. Toquei em bandas de vários ...leia mais »
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