Olá pessoal do Guitar Battle,
Nessa aula vamos entender o que é escala musical, qual a sua aplicação dentro do processo de composição e improvisação e quais as regras que determinam a sua formação e shapes. Nessa primeira parte veremos a escala cromática, pentatônica maior, pentatônica m7, a escala maior e a sua relativa menor e os modos gregos.
Escala Musical – mesmo que o conceito seja vago ou que alguém seja leigo no assunto musical existe uma escala que nos soa familiar, a qual conhecemos as notas, a representação do comum. Essa escala é a de Dó maior, ou seja, Dó Ré Mi Fá Sol La Si Dó.
Independente da nossa formação profissional ou o direcionamento da nossa vida em algum ponto batemos de frente com esse conceito, com essa sonoridade. E é desse ponto que quero começar essa aula, desse dispositivo musical o qual chamamos de escala.
Origem das notas musicais – vamos primeiro entender o que é som, onde as notas musicais se enquadram dentro da categoria e de que forma foram definidas.
Som – quando um objeto vibra ele faz com que o ar em torno dele vibre também. Essa vibração vai passando de molécula em molécula transitando pelo ambiente até atingir o nosso aparelho auditivo. Esse por sua vez vibra e é esse estímulo que é entendido pelo nosso cérebro como som. Outros meios também podem ser usados para a propagação do som como o líquido ou o sólido.
A velocidade dessa vibração determina se o som será grave, médio ou agudo. Observe o quadro abaixo:
Podemos ainda dividir as frequências em subcategorias:
Subgrave -> Grave -> Médio Grave -> Médio -> Médio Agudo -> Agudo
Nota Musical – é fácil perceber a diferença entre um ruído e uma nota musical. O ruído é formado por um número gigantesco de frequências sonoras em conflito, é uma manifestação instável, em desequilíbrio, como uma explosão, um trovão ou mesmo a derrapagem de um carro.
Uma nota musical é um som definido onde a sua frequência é periódica, produz uma nota definida e controlada dentro do espectro e pode ser manipulada pelo executor. Normalmente a qualidade de seu timbre foi determinada ao longo dos anos de acordo com as estéticas culturais e históricas. Costuma soar agradável e equilibrada para o ouvido.
Possui como características:
Afinação Pitagórica – temos uma grande capacidade de escutar e entender os sons a nossa volta e conseguimos facilmente assimilar até mesmo as mais complexas interações sonoras. Nosso ouvido humano tem potencialmente a capacidade de traduzir os estímulos provocados por vibrações que ficam entre 20 e 20.000 por segundo, um espectro gigantesco. Então quem e como foram escolhidas as notas dentro desse número enorme de possibilidades?
Foi Pitágoras na Grécia Antiga, ou pelo menos foi quem ganhou o credito.
Os gregos acreditavam que a música tinha forte influência na moral e conduta humana e que ela tinha o “poder” de controlar a razão, manipular o sentimento e caráter (Doutrina do Ethos). Por isso era controlada pelo estado e apenas aqueles que trabalhavam para a vontade do estado poderiam estudar e fazer música.
O principal instrumento para o processo de descoberta musical era o monocórdio, com apenas uma corda, tocada normalmente com uma varinha (plectro). Existia ainda uma caixa de ressonância para “amplificar” o som e uma espécie de ponte que poderia ser movida alterando a altura (afinação) da nota. Era basicamente usado no estudo das relações entre as notas musicais, dividindo a frequência em partes matemáticas inteiras.
Monocórdio: uma corda apenas
Quando a corda era tocada uma nota soava numa frequência determinada. Ao dividir a corda no meio a frequência dobrava mas a nota permanecia a mesma, uma oitava acima. Quando a corda era dividida em três partes uma nova nota surgia, que conhecemos hoje como quinta justa, que soava muito estável e agradável quando tocada junta com a primeira.
Observe no exemplo abaixo a relação entre essas duas notas:
Corda solta – a que chamamos hoje em dia de Dó (claro, usavam outras notas como ponto de partida, mas temos a nota Dó como a referência inicial, por isso foi escolhida para o exemplo).
Quinta Justa – a quinta nota a partir do Dó, ou seja, Dó Ré Mi Fá Sol, a nota Sol.
Nota solta:
Quinta justa:
As duas notas juntas:
Ciclo das Quintas – usou-se essa mesma lógica de afinidade a partir da nota Sol, e assim foram determinadas todas as notas usadas dentro do nosso sistema ocidental.
E assim por diante, observe a ilustração abaixo:
As 5 primeiras notas do ciclo formam uma das primeiras escalas musicais utilizadas dentro da cultura ocidental, a pentatônica (5 notas) que chamamos hoje de Penta m7.
Dó + Sol + Ré + Lá + Mi = Pentatônica maior de Dó ou Pentatônica m7 de Lá.
Seguindo a sequência teremos as outras pentatônicas:
E assim por diante…
7 notas seguidas dentro do ciclo formam a escala maior (diatônica).
E assim por diante…
Todas as notas em sequência formam a escala cromática (12 notas):
O que é uma escala musical? É um conjunto de notas que obedece uma regra, uma condição, onde a distância entre as notas é determinada pela “Fórmula da Escala”.
Vimos anteriormente que o cliclo das quintas de Pitágoras formou a escala pentatônica maior ou m7, a maior (diatônica) e a escala cromática. Vamos observar cada uma separadamente:
Escala Cromática (12 notas) – compreende todas as notas do sistema de música ocidental, as 12 notas. A distância entre as notas é sempre a mesma, ½ tom. Dessa forma conseguimos tirar a fórmula da escala cromática, que será…
Para descobrir as notas que fazem parte de uma determinada escala cromática basta obedecer a fórmula, por exemplo:
Escala cromática de Ré:
Finalmente ao andar mais ½ tom chegamos novamente na nota Ré.
Então a escala cromática de Ré tem as notas:
Ré Ré# Mi Fá Fá# Sol Sol# Lá Lá# Si Dó Dó#
Observe que a escala cromática de Ré tem as mesmas notas da escala cromática de Dó. Na prática podemos dizer que só existe uma única escala cromática pois a distância entre as notas é sempre a mesma, ½ tom.
Escala Pentatônica maior (5 notas) – possui 5 notas, são as quintas em sequência do ciclo das quintas de Pitágoras. Observe o exemplo abaixo:
Quintas em sequência: Dó Sol Ré Lá Mi
Colocando em ordem: Dó Ré Mi Sol Lá Dó (Pentatônica de C maior)
Fazendo a análise da distância em tons:
Podemos então tirar a fórmula da Pentatônica Maior…
Para descobrir as notas que fazem parte de uma determinada escala pentatônica maior basta obedecer a fórmula, por exemplo:
Escala pentatônica maior de Ré (D):
Finalmente ao andar mais 1 ½ tom chegamos novamente na nota Ré. Então a escala pentatônica maior de Ré tem as notas D E F# A B.
Podemos usar qualquer tônica (primeira nota) como ponto de partida e daí basta aplicar a fórmula da escala. Observe na tabela abaixo todas as pentatônicas maiores possíveis:
Por uma questão de convenção e aplicação essa pentatônica é mais reconhecida pelo seu nome relativo, ou seja, por pentatônica de Lá menor 7 (Am7). Vamos mudar as notas de ordem e achar a fórmula da Pentatônica m7 (5 notas)…
Pentatônica de Dó maior (Dó Ré Mi Sol Lá) mudando para a relativa Am7 (sempre a sexta nota é a relativa):
Mudando a ordem: Lá Dó Ré Mi Sol Lá (Pentatônica de Am7)
Fazendo a análise da distância em tons:
Podemos então tirar a fórmula da Pentatônica m7…
B-> Blue Note (nota de tensão), inserida na pentatônica para gerar interesse, criar movimento. É o intervalo de quarta aumentada (#4) = quinta diminuta (b5).
Outros formatos, clique em cima para ampliar:
Para descobrir as notas que fazem parte de uma determinada escala pentatônica m7 basta obedecer a fórmula, por exemplo:
Escala pentatônica m7 de Si (Bm7):
Finalmente ao andar mais 1 tom chegamos novamente na nota Si. Então a escala pentatônica m7 de Si tem as notas B D E F# A.
Podemos usar qualquer tônica (primeira nota) como ponto de partida e daí basta aplicar a fórmula da escala. Observe na tabela abaixo todas as pentatônicas m7 possíveis:
Escala Maior (Diatônica) – possui 7 notas, são as quintas em sequência do ciclo das quintas de Pitágoras. Observe o exemplo abaixo:
Quintas em sequência: Fá Dó Sol Ré Lá Mi Si
Colocando em ordem: Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó (Escala de C maior)
Fazendo a análise da distância em tons:
Podemos então tirar a fórmula da Escala Maior…
Para descobrir as notas que fazem parte das outras escalas maiores basta seguir a fórmula:
Escala maior de Ré (D):
Finalmente ao andar mais ½ tom chegamos novamente na nota Ré. Então a escala maior de Ré tem as notas D E F# G A B C#.
Observe na tabela abaixo todas as escalas maiores possíveis:
As combinações que possuem na sua formação notas com dobrado sustenido (x) ou dobrado bemól (bb) normalmente não são utilizadas. Ao invés nomeia-se usando a escala enarmônica (aquela com as mesmas notas com nome diferente). Por exemplo, a escala de Si# maior possui as mesmas notas da escala de Dó maior, mas os nomes são diferentes:
Então ficamos com as seguintes possibilidades:
Escala Relativa Menor (natural) – Toda escala maior (diatônica) possui uma escala relativa menor, que possui as mesmas notas em ordem diferente. Essa escala está localizada 4 ½ acima da tônica, ou 1 ½ tom abaixo dela. É a sexta nota da escala maior.
Exemplo:
Dó maior possui as notas C D E F G A B
A sua relativa menor fica 4 ½ acima da tônica, ou seja, nota Dó + 4 ½ = nota Lá, ou…
A sua relativa menor fica 1 ½ abaixo da tônica, ou seja, nota Dó – 1 ½ = nota Lá, ou…
A sua relativa menor é a sexta nota da escala maior, ou seja, nota Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá.
Então a escala relativa menor de Dó maior será Lá menor, com as mesmas notas.
Lá menor possui as notas A B C D E F G
Analisando a distância entre as notas da Escala Menor Natural tiramos a sua fórmula…
Observe na tabela abaixo todas as escalas menores naturais possíveis:
Modos Gregos – são inversões da escala maior classificados da seguinte maneira:
Jônico – ´r o formato sem inversão, possui as mesmas notas da escala maior na mesma ordem.
Exemplo: C Jônico = C maior-> C D E F G A B C
Para determinar as notas de qualquer outra escala Jônica basta respeitar a distância de tons da fórmula acima, por exemplo:
Quais as notas de F Jônico?
E finalmente a nota Mi + ½ tom retorna para a nota Fá. Então a escala de F Jônico tem as notas: F G A Bb C D E.
Dórico – é a primeira inversão da escala maior, ou seja, a escala maior começando na segunda nota.
Exemplo: D Dórico-> D E F G A B C D
Para determinar as notas de qualquer outra escala Dórica basta respeitar a distância de tons da fórmula acima, por exemplo:
Quais as notas de Mi Dórico?
E finalmente a nota Ré + 1 tom retorna para a nota Mi. Então a escala de E Dórico tem as notas: E F# G A B C# D.
Frígio – é a escala maior começando na terceira nota.
Exemplo: E Frígio-> E F G A B C D E
Lídio – é a escala maior começando na quarta nota.
Exemplo: F Lídio-> F G A B C D E F
Mixolídio – é a escala maior começando na quinta nota.
Exemplo: G Mixolídio-> G A B C D E F G
Aeólio – é a escala maior começando na sexta nota. Possui a mesma estrutura da escala menor natural.
Exemplo: A Aeólio-> A B C D E F G A
Lócrio – é a escala maior começando na sétima nota.
Exemplo: B Lócrio-> B C D E F G A B
Outros formatos, clique em cima para ampliar:
CAGED – 5 desenhos em 5 regiões no braço da guitarra, cada um é construído em torno do formato de um acorde. O Shape 1 em torno do acorde de C, o shape 2 em torno do acorde de A, shape 3 em G, shape 4 em E e shape 5 em D (CAGED).
Simétrico 3 X 3 – é a escala maior com 6 notas, omite-se em cada shape um dos graus (notas). No shape 1 retira-se a sétima da escala, no shape 2 retira-se a Tônica, no shape 3 a segunda, no shape 4 a terça e assim por diante.
Simétrico 3 X 4 e Simétrico 4 X 3 – a escala completa tocada a cada 2 cordas, repetindo o padrão nas oitavas seguintes. Geralmente repete-se o dedo mínimo nos padrões ascendentes (das cordas graves para as agudas) e o indicador nos descendentes (das cordas agudas para as graves).
Relação entre os modos e a maior (diatônica) – como os modos gregos são inversões da escala maior podemos usar essa sempre como referência para improvisar e compôr ao longo do braço da guitarra. Facilita tocar dessa forma pois cada modo equivale a uma escala maior, então basta usar os desenhos dessa escala para tocar. Claro que a aplicação modal não se restringe apenas ao uso das notas corretas no fraseado, mas de que forma elas serão enfatizadas, assunto para uma aula exclusiva de modos gregos. Abaixo a tabela das equivalências:
Usando a tabela acima temos as seguintes equivalências:
C Jônico = D Dórico = E Frígio = F Lídio = G Mixolídio = A Aeólio = B Lócrio
Ou seja, todas possuem as mesmas notas da escala de Dó maior.
G Jônico = A Dórico = B Frígio = C Lídio = D Mixolídio = E Aeólio = F# Lócrio
Ou seja, todas possuem as mesmas notas da escala de Sol maior.
D Jônico = E Dórico = F# Frígio = G Lídio = A Mixolídio = B Aeólio = C# Lócrio
Ou seja, todas possuem as mesmas notas da escala de Ré maior.
E segue a mesma lógica com as demais escalas.
Por hoje é isso pessoal!
Visitem o meu site.
E vejam um vídeo onde toco os solos de uma música do meu cd HIGH:
Consegui entender..finalmentee!!!!!!!! Muito obrigado
apliquei ao piano e fui
Umas das lições mais bem elaboradas que já vi,parabéns pelo trabalho
muito bem elaborado. Parabéns...
Arrazou Denis,
Depois te envio alguns resultados de composição desse aprendizado que você forneceu. Ricardo
excelente material...parabens
boa fera grande talento e boa vontade em dividir o conhecimento parabéns
toco a um tempão mas num sei nada sobre escala. manda novidades ai e outros sites pra mim. cellofalcao @ hotmail . com
ajudou as notas que compoem cada escala valeu agora posso solar qualquer musica
Parabens cara!
Muito bem produtivo.