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      Estudo sobre Modos Gregos - Parte I: conceito

      Por: deniswarren | Categoria: Guitarra e Violão, Teoria 37868 exibições Dificuldade Intermediário

      Olá, pessoal do Guitar Battle!

      A partir dessa aula, nós iremos falar sobre modos gregos. Iremos entender quais são as notas características de cada um, como construir riffs e licks modais e de que forma podemos harmonizar para entregar uma intenção modal específica. É recomendável saber os fundamentos de “intervalos“,”formação de acordes” e “campo harmônico maior“.

      Introdução: esse deve ser, definitivamente, um dos assuntos mais requisitados pelos músicos contemporâneos, independente do estilo em que atuam, mas também é um dos temas que gera mais confusão e acarreta em erros de aplicação. O entendimento do uso modal vai além do domínio teórico, trabalha com o subjetivismo da sensação musical e transcrever isso em palavras é árduo e em parte impossível. Nessa aula vamos destrinchar os modos gregos da origem à aplicação, dos desenhos ao fraseado e acima de tudo ganhar independência para poder pensar de forma modal.

      Origem: o conceito modal nasceu na Grécia Antiga, onde a música, dentre todas as manifestações artísticas, era considerada a mais relevante. A Doutrina do Ethos (afetos) dizia que a música tinha a capacidade de influenciar e modificar a natureza moral do homem e do estado e por essa razão era controlada pelo poder grego. Acreditava-se que ela tinha relação direta com a alma do homem e que manipulava a sua conduta moral, social e política. Por isso, a música fazia parte da educação e da formação do cidadão livre esculpindo seu papel perante o estado.

      Os gregos usavam um sistema chamado Tétracorde, que era uma sequência de 4 notas compreendidas dentro de um intervalo de quarta justa onde as distâncias entre as notas podiam variar de ¼ de tom até 2 tons. Eram classificados em 3 gêneros:

      Enarmônico: 2 intervalos de ¼ de tom mais um intervalo de terça maior.

      Esse intervalo de ¼ de tom soa desafinado para o nosso ouvido ocidental, pois, estamos acostumados a escutar apenas 12 notas (escala cromática) e não reconhecemos as notas intermediárias.

      Cromático: 2 intervalos de ½ tom mais um intervalo de terça menor.

      Diatônico: 1 intervalo de ½ tom mais 2 intervalos de 1 tom.

      A escala grega era a soma de 2 desses tétracordes. Observe abaixo o desenho com o gênero diatônico:

      A escala diatônica: é a base que usamos na música atual para a execução das sensações modais. Indícios apontam a existência da escala há mais de 45 mil anos, mas foram os gregos antigos que a estudaram e lhe atribuíram as várias aplicações. Sem dúvida foi o gênero de escala que se popularizou e que construiu toda a base da música moderna ocidental.

      A sua afinação foi alterada ao longo dos séculos e hoje usamos um sistema chamado “temperado”, onde é possível tocar todas as tonalidades num único instrumento e soar agradável.

      A Intenção Modal: os gregos perceberam desde cedo que era possível tocar a escala diatônica de várias formas, enfatizando certas notas e conquistando um tipo de sensação musical. Quando a forma de tocar mudava, a sensação também mudava e para cada uma deram um nome de um povo grego, ou vizinho asiático, que correspondia a sensação.

      • Jônico -  Do povo grego Jônico (Ionian).
      • Dórico -  Do povo grego Dórico (Dorian).
      • Frígio -  Do povo de Anatolia, os Frígios (Phrygian).
      • Lídio -  Do povo de Anatolia, os Lídios (Lydian).
      • Aeólio -  Do povo grego Eólio (Aeolian).
      • Mixolídio -  Surge da mistura dos modos Dórico e Lídio.
      • Lócrio -  É um modo moderno caracterizando a inversão que faltava da escala diatônica.

      Durante a idade média, os modos gregos eram empregados principalmente na música litúrgica. Os compositores deram preferência a dois modos, o Jônico (maior) e o Aeólio (menor), que traziam sensações opostas. Os demais aos poucos foram caindo em desuso.

      O conceito de tonalidade com os termos “maior” e o “menor” surgiu no início do período Barroco. Porém, somente depois dos períodos Clássico e Romântico que a tonalidade se consolida, deixando praticamente de lado a doutrina modal.

      O seu resgate vem através da música regional em estilos como o nordestino, no Brasil; o blues e jazz, na América e Inglaterra; e canções folclóricas, espalhadas por vários países europeus e resto do mundo. Hoje temos um entrelaçamento entre tonalidade e intenção modal com músicas ou cadências tonais com ênfase modal.

      A subjetividade da sensação modal:

      Tocar modal não é restrito apenas a escolha da escala que será usada em cima de um acorde, mas da forma com que o fraseado é construído usando essa escala. Quais as notas que serão enfatizadas, quais os momentos de repouso e como a melodia será desenvolvida no intuito de capturar uma sensação, um tipo de sonoridade característica.

      Como a experiência musical é subjetiva, cada pessoa sente e interpreta de forma diferente. Ao estudar modos gregos, você deve em primeiro lugar entender o que cada modo grego representa para você, além de compreender sua percepção acerca dos sons e de que forma você entende as relações. Para isso proponho um exercício:

      Escute músicas em cada um dos modos e tente descrever em palavras o que a sonoridade sugere. Use termos que te façam lembrar da sensação como, por exemplo, indicações de emoção, cor, temperatura, peso, ou mesmo épocas da sua vida, pessoas, outras músicas ou estilos.

      Tente achar ao menos 3 ou 4 palavras para descrever cada uma das sensações e complete o quadro abaixo:

      Para imprimir clique sobre essa imagem

      Algumas sugestões de músicas para o exercício acima:

      Jônico

      • Twist and Shout (The Beatles)
      • Garota de Ipanema (Tom Jobim) aos 25s aproximadamente.
      • A Foggy Day (Gershwin)

      Dórico

      • Oye Como Va (Tito Puente – versão de Santana)
      • A Horse With No Name (America)
      • Afro Blue (Ramón Mongo Santamaria)

      Frígio

      • Would (Alice in Chains)
      • For the Love of God (Steve Vai)
      • Remember Tomorrow (Iron Maiden)

      Lídio

      • Lanterna dos Afogados (Paralamas do Sucesso)
      • Flying in a Blue Dream (Joe Satriani)
      • The Real Guitarist (Steve Kuhn)

      Mixolídio

      • Vem Morena (Luís Gonzaga)
      • Sweet Home Alabama (Lynyrd Skynyrd)
      • All Blues (Miles Davis)

      Aeólio

      • All Along The Watchtower (Bob Dylan – versão de Jimi Hendrix)
      • Fear of The Dark (Iron Maiden)
      • Comfortably Numb (Pink Floyd)

      Lócrio

      • Intro de Enter Sandman (Metallica)
      • Riff do início de Painkiller (Judas Priest)
      • Riff do início de Symptom of the Universe (Black Sabbath)

      Abaixo você encontra os termos mais usados para definir cada uma das intenções modais:

      Lembre-se, contudo, que cada pessoa tem uma relação única com música e a forma com que cada sonoridade é interpretada é empírica e subjetiva. Se você preencheu o quadro e suas respostas são contrárias ao comum, não se preocupe. Quando for improvisar, o importante é conseguir resgatar a sensação modal através das definições que funcionaram para você.

      A Caracterização do Som Modal – Quanto maior for o número de relações que conseguirmos estabelecer para cada um dos modos, maior será o controle da sensação no momento do improviso ou composição musical. É fundamental que você não se limite aos termos racionais ou a estruturação da teoria, mas que compreenda cada modo de forma intuitiva associando com outros tipos de caracterizações do dia a dia, como:

      • As 7 cores do arco-íris (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta).
      • Os 7 dias da semana (segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado e domingo).
      • Os 7 anões (Soneca, Zangado, Atchim, Feliz, Dengoso, Dunga e Mestre).
      • Os 7 pecados capitais (vaidade, avareza, ira, preguiça, luxúria, inveja e gula).
      • As 7 artes (música, pintura, escultura, teatro, literatura, dança e cinema).

      Esses tipos de relações intuitivas permitem que a construção da sonoridade modal tenha vínculo com a sua origem, ao que inicialmente foi proposto. Entendendo que música não é apenas o domínio das relações entre notas, acordes e linguagem; mas que é um veículo de estímulo para todas as nossas virtudes; que aproximam o consciente do inconsciente; e que resgata a lembrança como forma de compreendermos o presente.

      Exercício: Faça abaixo a associação de cada modo com uma cor:

      Paleta de cores

       

      Preencha a tabela abaixo com as suas caracterizações:

      Para imprimir clique sobre essa imagem

      Abaixo a tabela com as minhas relações subjetivas:

      Por hoje é isso, pessoal! Fiquem com uma música do meu álbum, “HIGH”, e não esqueçam de visitar o meu site. Um grande abraço!

      deniswarren Florianópolis / SC | 20 músicas | 1092 batalhas | 26 lições
      Toco guitarra e violão a 25 anos e atuo profissionalmente a 20 anos. Toquei em bandas de vários ...leia mais »
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