Softwares de tablatura são amigos ou vilões?

Por: Morone | Categoria: Guitarra e Violão, Setup e Manutenção

Olá amigos do Guitar Battle,

Nos dias de hoje, o mundo da guitarra é repleto de maravilhas tecnológicas. As possibilidades vão desde programas de computadores, que simulam amplificadores e pedais, até guitarras de verdade, que tocam e se afinam sozinhas. Mas um dos recursos existentes mais populares são os editores de tablatura/partitura que reproduzem o que foi escrito. Vou falar mais especificamente do “Guitar Pro”, desenvolvido e comercializado pela “Arobas Music”.

Interface do "Guitar Pro" (Reprodução)

Atualmente está muito mais fácil aprender a tocar um instrumento do que antigamente, graças a softwares como o “Guitar Pro”. Mas será que ele ajuda ou atrapalha no desenvolvimento do músico? Há profissionais que apoiam o uso, mas muitos também criticam. O principal motivo das críticas negativas é o fato do músico não usar apenas o ouvido para tirar uma música, ele simplesmente toca o que está lá e pronto. Outro ponto dado como negativo é que o programa faz do guitarrista uma “máquina de tocar e guitarra” e não um músico. Uso o “Guitar Pro” desde muitos anos e tenho uma pequena lista de vantagens e desvantagens.

Vantagens

• Dá pra aprender uma música inteira em um curto espaço de tempo. Isso, claro, se você não levar em conta as dificuldades com técnica e outras coisas. Mas para as pessoas que, como eu, não têm muito tempo para ficar aprendendo músicas é uma verdadeira mão na roda. Sem precisar ficar no volta e avança do CD (ou do K7, que nem no meu tempo), essa é uma das principais vantagens de se usar.

• Aprender a ler partitura: sim, amigo! Esse foi o aspecto em que mais fui ajudado. Até começar a usar o programa, eu nem sequer imaginava como se fazia para ler uma partitura. A coisa muda de figura quando você começa a ver a partitura sendo tocada, os tempos, as notas, as pausas e tudo mais. Me senti obrigado a aprender tudo aquilo para o que vem a seguir.

• Anotar as suas próprias ideias de canções: bom, na verdade eu não anotava nenhuma canção, mas eu brincava de criar solos de bateria (estúpido, sim, eu sei). Com o tempo, me tornei fluente na parte rítmica da coisa toda. Hoje em dia eu escrevo todas as minhas ideias no “Guitar Pro” e até cheguei a compor direto no programa. Este uso é aprovado por 100% dos guitarristas.

• Importar MIDI: hoje em dia ninguém mais guarda arquivos midi em casa, mas um outro recurso muito bom é que você pode importar um arquivo para o programa que ele gera uma partitura/tablatura daquele arquivo instantaneamente.

• Outras vantagens: compor backing tracks, compor linhas de bateria para poder praticar com a guitarra, treinar licks e músicas em velocidades diferentes, compor linhas de baixo e bateria e samplear depois com sons de verdade etc, etc e etc.

Desvantagens

• Você esquece muito rápido o que decorou: é fato que uma música aprendida pelo “Guitar Pro” é esquecida bem mais rápido do que uma que você aprendeu ouvindo e decorando. Quando você tira de ouvido, você fica lá escutando, voltando, escutando, decorando e decorando. Isso faz com que a música seja melhor memorizada, mas também não é fazendo isso que vai fazer com que você nunca mais esqueça a música. Tem que estudar sempre. Agora, se for tirada pelo “Guitar Pro” e não estudar mais, em uma semana a música será apenas uma linda memória.

• A qualidade do som não é das melhores: chega um dia em que você compõe aquele riff destruidor que parece ter sido feito por Dimebag Darrel. Você toca ele com a sua guitarra e aquela distorção maravilhosa que, só de ouvir, te dá vontade de estufar o peito e dizer “eu sou o cara”. Aí, pra não esquecer, você vai lá no “Guitar Pro” e escreve toda a tablatura/partitura e deixa lá pra poder mostrar pros caras da sua banda e, na hora em que você dá o play, sai uma trilha sonora de jogo do Atari. O som é midi, ou seja, aquela beleza. Mas tá valendo, se você não se importa com isso.

No fim das contas as vantagens superam as desvantagens e o programa acaba valendo muito a pena para as pessoas que tem pouco tempo disponível para tocar. Não conheço nenhum estudo que comprove que o seu ouvido fica destreinado quando se usa apenas um programa como o “Guitar Pro” ao invés de tirar a música só de ouvido.

Sou totalmente a favor do uso de todo recurso que seja benéfico para um músico. O “Guitar Pro” (e qualquer outro programa semelhante) não te faz um músico mais criativo ou melhora seus improvisos. É importante, sim, termos nossos ouvidos treinados e não sermos dependentes de softwares. Ele é uma ferramenta de apoio e deve ser usada como tal.

No fim das contas, o ponto chave é o talento e dedicação de cada um.

E vocês, o que acham? Tem mais desvantagens ou vantagens para citar? Coloque aí nos comentários!

Rock on!